quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

É triste...



"...Está um dia tão bonito lá fora, eu quero brincar, mas hoje não dá, hoje não dá, a maldade humana agora não tem nome, hoje não dá, vou consertar a minha asa quebrada e descansar..."


          Eu pessoalmente nunca quis me tornar um prisioneiro urbano que carrega no bolso a chave da própria cela, ninguém nunca quis, mas isso é real, tangível e passível de ser ignorado, tal como tudo que queremos esquecer por nos fazer mal, eu ainda quero um dia dormir sem me sentir confortável pelo fato da porta estar trancada, mas quero descansar sem ter que pensar em nada, não quero que minha felicidade seja barrar o medo.
          Como poucos que tem a minha idade eu ainda pude desfrutar de uma era que agora se encontra extinta. Tenho saudades da época em que eu saía de casa e me sentava na calçada junto com os amigos e de lá nos levantávamos e íamos para a praça jogar bola. Tanta melancolia que não se justifica pelo tempo, isso foi há 7 anos, mas pela mudança. 
          Eu nunca fui assaltado, mas conheci muitas pessoas que foram, mais de uma vez vi acidentes de trânsito a poucos metros da minha casa, sei quão violento é o gênio humano, sei quão macabras e banais são suas motivações, sei quão fácil é reverter a situação, e o quanto relutamos em faze-la. A questão mais difícil não é entender, mas aceitar que somos capazes de entender que retroceder é a única maneira de voltar a um determinado ponto em uma linha que tende ao infinito, mas que nesse caso nunca chegará lá.
          Hoje eu tranquei a porta... não porque sou hipócrita, mas porque sou realista, não vou cometer a ingenuidade de confiar cegamente na bondade humana, sei dos perigos que vagam do lado de fora, tal como sei que deixar a porta aberta é só um ato simbólico, o ideal seria que ninguém tivesse que tranca-la.


"... gostaria de não saber, destes crimes atrozes, é todo dia agora. E o que vamos fazer? Quero voar pra bem longe, mas hoje não dá, não sei o que pensar e nem o que dizer. Só nos sobrou do amor a falta que ficou..." 


Os Anjos...   

Nenhum comentário:

Postar um comentário