Eu constantemente me espanto com a contradição existente entre meu humor e o resultado dos meus pensamentos. Já faz um bom tempo em que venho escrevendo algumas coisas que podem ser definidas como poemas, poesias, músicas e afins. O engraçado é que por mais feliz que eu esteja minhas, por assim dizer, "obras" sempre acabam tendo um certo tom de desespero ou revolta. Outro dia estava eu, sentado em meu sofá sem nada pra fazer, com uma chuva dos infernos caindo do lado de fora segurando o notebook no colo e olhando pra tela num límpido e mórbido tédio, eis que de um dos cantos obscuros porém dinâmicos da minha mente me vem a ideia de pesquisar sobre mitologia grega, um hobby idiota, mas interessante, e lendo diversos contos, e análises dos mesmo eu comecei a me inspirar, mas foi lendo sobre a história de Hades que eu atingi o ápice da minha inspiração e dali comecei a talhar com palavras mais uma inesperada consequência do meu tédio. E sim, eu sei que muitos dos que lerão isso vão dizer: Que garoto idiota, tem nada melhor pra fazer não?! E eu sou obrigado a concordar com esse pessoal, porque eu realmente podia estar fazer algo melhor, mas que SE FODA!! O tempo é meu e eu desperdiço da maneira como eu quero, mas voltando ao foco... aqui está o singelo resultado da minha peripécia pela cultura da antiga Hélade:
Ode Arcana
Vítima do silêncio alheio
Que descansa solitária
Com os pés pendendo do mundo
Acorrentada pelo pescoço
Os trovões ecoando ao longe
Os gritos de dor da tempestade
E chorar não adianta mais
As nuvens não lavam almas
Esperando ao longe está Plutão
Triste e invisível com seu elmo
À sombra imponente de Júpiter
Que sorri sem olhar para baixo
Amigo da morte por imposição
Olha pra cima e chora o deus
Fervem as lágrimas pela fúria
E tremem as paredes de lamento
Esquecido por Eros e Psique
Andando solitário pelo Tártaro
O senhor dos mortos se ergueu
Emergiu e voltou vitorioso
Em seus braços a filha do irmão
Raptada pelo pior dos deuses
Definhou pelo medo do nome
E viveu apenas de meia romã
Mas viu o deus com semblante de homem
E se transformou na Hera Inferni
Vivendo nas trevas levando ao mundo o frio
E emergindo à humanidade trazendo a primavera
O rei do submundo foi fiel
Koré abrandou sua ira com amor
Mesmo sendo cobiçada pela beleza
Preferiu a sofridão do Érebo à glória Olimpiana
Agora apagados da crença humana
Suas histórias esquecidas por nós
Personificam a ironia de viver
E o paradoxo do poder
Repensando o mal do mundo...
Idolatrado, no céu há um deus que sorri
Por estar no céu...
Odiado da terra, há alguém que sorri
Por estar feliz...
A bizarra irônia do poder se faz presente mais uma vez, pois o ser dominante por pior que seja é idolatrado e o ser rebaixado por mais indiferente que seja é martirizado, o mal então como criação humana se converte na mesma fumaça preta que o ideal da benevolência há muito foi transformado, já que sendo a perfeição uma invenção da imaginação humana, tudo o que criamos é tão certo quanto errado já que de diferentes pontos de vista possui a essência dos dois, tudo isso porque insistimos em tentar transformar nosso egoísmo em norma universal. O único apelo que faço é para que se destruam as normas que controlam o pensamento deixando que este segue guiado única e exclusivamente pelas virtudes que adaptamos da natureza, quanto ao nosso físico este sim deve ser limitado por normas para dosar as consequências das nossas ideias.

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